terça-feira, 22 de março de 2011

A Síndrome da Pedrada

AVISO AOS NAVEGANTES
Esta é uma postagem direcionada a estudantes e profissionais de fisioterapia. Se você está com dores na perna ou em qualquer outra parte do corpo, não tente fazer o diagnóstico sozinho(a).
Dito isso, segue a postagem...
 
Você já ouviu falar da síndrome da pedrada? Esta síndrome nada mais é do que o nome criativo dado ao estiramento muscular das fibras do músculo Gastronêmio - geralmente envolvendo a cabeça medial. Esta condição é também chamada de “Tennis Leg”. Esta denominação pouco usada no Brasil, mas útil para quem quiser procurar mais informações sobre o assunto em sites de língua inglesa..
 
E por que síndrome da pedrada ?
A contração brusca e intensa do músculo tríceps sural pode de gerar uma ruptura de suas fibras. Geralmente é causada durante a corrida (como ao atravessar a rua). Esta lesão caracteriza-se por dor súbita localizada na parte posterior da perna, de intensidade variável, seguida de hematoma. Pode ocorrer também um estalido audível. Devido a estas características, alguns pacientes relatam que a sensação no momento da lesão é como se tivessem sido atingidos por uma pedra ou uma bala perdida (por alguma razzão esta última associação é muito comum entre os cariocas). No momento da lesão a perna pode falsear, fazendo a pessoa cair no chão.
 
O grau de ruptura muscular pode variar de leve, apresentando sintomas de pequena intensidade, a moderado, fazendo o indivíduo mancar. Em casos graves, a ruptura muscular pode mesmo incapacitar a pessoa de andar. Às vezes, especialmente entre idosos e pessoas na meia-idade, os sintomas podem ser confundidos com um episódio de Trombose Venosa Profunda (TVP).
 
Quais são os sintomas?

No momento da Lesão:
Ocorre uma dor súbita e aguda, seguida por uma dor em queimação na panturrilha afetada. A pessoa geralmente descreve um "estalo" na panturrilha e, por vezes, acredita que ele ou ela tenha sido atingido por trás, como se por uma pedra ou bala perdida (relato mais comum entre os cariocas). A perna pode falsear, fazendo a pessoa cair no chão. Um outro sintoma pouco mencionado é que em casos moderados/graves, a batata da perna fica “murcha” (hipotônica), acredito que isso aconteça devido a uma inibição muscular pela dor.
 
Após a lesão aguda
A dor pode variar de leve a intensa, dependendo da gravidade do estiramento muscular. O paciente pode apresentar incapacidade de colocar o calcanhar no chão, geralmente caminhando na ponta dos dedos do pé para reduzir a dor. A dor pode estender-se por todo o comprimento do músculo lesionado e piorar durante a contração ativa ou alongamento passivo. Equimoses e hematomas podem surgir no tornozelo. A recuperação depende do grau da lesão, em geral variando entre alguns dias até cerca de seis semanas.

Em geral esta lesão não deixa sequelas. Porém nos casos mais graves, se não for tratada corretamente, a remodelação cicatricial pode ocorrer de forma desorganizada, o que pode tornar o músculo fraco e propenso a novas lesões.
… e agora o que todo mundo quer saber:
 
Fisioterapia
O fisioterapeuta é o profissional mais capacitado para orientar e supervisionar os exercícios e atividades mais adequadas para a recuperação desta lesão. Portanto, se você está lendo esta postagem porque se lesionou e decidiu consultar o Dr. Google antes de um médico ou fisioterapeuta, recomendo que você pense bem no que está fazendo... tem certeza que acertou o diagnóstico ? Pense bem, pois um tratamento mal feito pode comprometer seriamente sua perna. Você já assistiu House alguma vez?
Dada esta nova advertência, podemos prosseguir.
 
O tratamento imediato
  • RICE (repouso, gelo, compressão e elevação) para as primeiras 48 horas. Elevação da perna evita o inchaço. Além disso, o repouso neste período também é importante.
  • Uma meia elástica pode ser prescrita.
  • Para casos mais graves, deve-se usar muletas, com carga zero no membro afetado.
  • Após a consulta com o médico, a prescrição de medicamentos para o controle da dor e inflamação.
 
Fisioterapia
Inclui retorno as atividades de membro inferior conforme tolerância.
Com a redução da dor, pode-se utilizar alguns alongamentos e atividades concêntricas e excêntricas. Eu acho interessante desenvolver atividades com descarga de peso parcial ou total (conforme tolerância) reproduzindo as fases da marcha para melhorar o controle neuromuscular. Aliás, uma boa pedida seria antes mesmo das atividades com carga utilizar algumas irradiações de PNF para “acordar a musculatura”.
Monitore o retorno das atividades de caminhada e de dirigir carros. Não se esqueça dos alongamentos e atividades de propriocepção. Cuidado para não ultrapassar o limiar de dor, pois isto pode atrasar o processo de recuperação.
 
É isso aí pessoal, espero que as dicas sejam úteis

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