terça-feira, 19 de abril de 2011

Power Balance ou Placebo Balance ? ?


Hoje percebemos que temos muitos adolescentes pelas ruas e estou me acostumando a ver coisas estranhas tais como meninos que pintam as unhas de preto, ou que fazem chapinha no cabelo, meninas que nunca tiram o fone do ouvido, e tantas outras coisas que não vale a pena ficar aqui comentando. O fato é que entre tantas bizarrices, o uso das pulseirinhas power balance me passou batido até outro dia.
Uma amiga me contou ontem que colocou uma destas pulseiras em um paciente atáxico e pasmem! não viu diferença alguma... duh! Resolvi verificar o que existe na internet a respeito disso e descobri que o grande mérito do cara que inventou esse troço é ter a manha de ganhar dinheiro lançando moda e enganando muita gente no melhor estilo "
cartilagem de tubarão", "Diet Shake" e o clássico: Facas Ginsu 2000.
Acima, vendedor de power balance do século 19. Os efeitos são os mesmos, a única diferença é que é vendido como xarope
Para saber mais sobre a farsa do power balance, assista a reportagem do detetive virtual abaixo e acesse o excelente texto do site ceticismo aberto, o qual inclusive cita um ensaio duplo cego conduzido com o objetivo de investigar o efeito placebo deste apetrecho.
Mas este assunto rende algumas reflexões interessantes para nós fisioterapeutas.
Primeiramente, que é o efeito do placebo?O efeito do placebo é um fenômeno no qual os sintomas do paciente são aliviados por um tratamento sabidamente ineficaz (ex: comprimido de açúcar, injeção de soro fisiológico, ultra-som desligado, etc...). Trata-se de uma resposta psicológica ao tratamento. Isso ocorre porque o indivíduo acredita que a intervenção que está sendo aplicada realmente funciona.
Mas como o placebo funciona?
Seres humanos não são máquinas, e as emoções não são abstrações irrelevantes no tratamento de uma pessoa. Sentimentos como esperança, expectativa e confiança, associadas ao medicamento placebo, podem causar em algumas pessoas respostas positivas, como redução da dor e dos sintomas depressivos. Este efeito está associado a mudanças metabólicas em determinadas regiões do cérebro, assim como a liberação de endorfina. (leia o artigo 
The Functional Neuroanatomy of the Placebo Effect).
É interessante notar que pesquisadores que investigaram o efeito de comprimidos de placebos observaram que comprimidos grandes são mais eficazes do que pequenos, e coloridos são mais eficazes do que os brancos; mostrando que a identidade visual cria uma expectativa que afeta a resposta do paciente.
Placebo e Fisioterapia
Este é um tema bastante polêmico, mas acredito que é impossível desvincular os efeitos obtidos com a fisioterapia dos efeitos obtidos com placebo (a mesma lógica se aplica aos remédios, acupuntura e intervenções invasivas como infiltração de corticóides), ou seja: sempre haverá uma porcentagem de placebo nos resultados de nossas intervenções, principalmente se relacionadas a condições dolorosas.
Considero esta postagem importante, pois atendemos idosos em risco de queda, atáxicos, pacientes com desordens neurológicas que cursam com fraqueza e incoordenação, e que podem ser ludibriadas por este tipo de conto de fadas.
Mas apesar disso tudo, o efeito placebo não é necessariamente ruim (o que é ruim é gastar muito dinheiro comprando pilula de farinha), e nem se trata de charlatanismo. O fato de você atender bem ao paciente, ser atenciosos e passar segurança tem efeitos benéficos e certamente terá seu papel na evolução do tratamento, (Neste sentido, recomendo a leitura do artigo "BASES PSICONEUROFISIOLÓGICAS DO FENÔMENO PLACEBO-NOCEBO: EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS QUE VALORIZAM A HUMANIZAÇÃO DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE")

Recomendação de leitura:Além dos links do texto, vale a pena acessar os seguintes sites:
Revista Cérebro & Mente - Efeito Placebo: O poder da píliula de açúcar


3 comentários:

  1. Essa Power balance sempre foi mentira, de tempos em tempos elas aparecem, quando era criança me lembro de uma pulseira de ferro com duas bolinhas q tinha a mesma função d pawer(enganar os bobos) e esses dias estive num feira/congresso e havia um vendedor d um outra marca de pulseira, com a mesma função.
    O vendedor falow que o truque estava no olograma, de cara pensei, meu cartão de credito tem um olograma então tem a mesma função, e me mostrou um papel com umas pessoas estranhas.
    As pessoas precisam aprender que papel aceita qualquer coisa, a gente precisa é mesmo pensar como é possivel, afinal tecnologia tem limite

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  2. Esqueci de comentar que a própria fabricante da pulseira a alguns meses atras falou que não tinha como provar a função da pulseira de forma científica e devolveria o dinheiro investido (mas só p quem morava na australia) depois que praticamente o mundo comproa pulseira fica fácil devolver 1/1000000000000.... do que arrecadou.

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  3. se fosse possível converter toda essa grana em doações seria muito interessante, mais devolver só para a australia não dá...é triste.

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